À MESTRA, COM CARINHO

15/10/2013 13:59

           Texto de Luz Dan

 

             Ela era gordinha, já uma senhora, tipo nossa vovó mesmo.

            Sabe aquela senhora que a gente sonha em ir à casa dela, todas as tardes, comer bolinho de chuva e tomar café? Essa era a Tia Heleninha, minha professora de Língua Portuguesa na quarta série, hoje quinto ano.

            Chegava na sala de aula de maneira suave, a gente quase não escutava seus passos. Muito calma, chamava um aluno por vez para ver seu “caderninho”. Toda atenciosa, lia redação por redação, exercício por exercício, com a gente ao seu lado, em pé. E a sala não emitia um barulho sequer. A sensação era que todo mundo torcia para ouvir os elogios da professora. Eram tão carinhosos que, mesmo para outro colega, pareciam para a gente.

            Ao seu lado dava orgulho. Ela sentada, toda tranquila, era maior, muito maior do que qualquer um de nós. Quando ela colocava os óculos para ler melhor nossas tarefas, dava uma sensação de orgulho. A Tia Heleninha estava dando toda a sua atenção, utilizando toda a sua sabedoria para cada um de nós em especial, solitariamente. Um privilégio.

            Era comum ouvir “que caderninho bonito”. Ou então “que letra mais linda, eu e a mamãe ficamos felizes”. Quando a redação era muito boa, Tia Heleninha profetizava: “que linda redação, você vai ser um médico”. Ou “que texto maravilhoso. Vai ser professor quando crescer”. Nós pegávamos o “caderninho” com a nota, ou uma mensagem de “Parabéns” ou “Ótimo” e saíamos contentes, orgulhosos, prontos para mais uma aula. E que aula.

            A letra da Tia Heleninha na lousa era desenhada. As explicações soavam como um carinho, um afago, um abraço, tamanha a ternura de sua voz.

            São várias “Tias Heleninhas” espalhadas pelas nossas escolas. São profissionais que amam aquilo que fazem, se dedicam, pesquisam, preparam aulas e a única recompensa que realmente querem é o bom desempenho de seus alunos.

            Você já sentiu a emoção de um professor ao encontrar um ex-aluno que está realizado na sua profissão? Que constituiu família, tem filhos, é pessoa de bem? Sabe aquela sensação de missão cumprida, de que seus ensinamentos frutificaram?

            É para isso que os professores vivem.

            Parabéns mestres.

 

            Luz Dan

            Jornalista

            Especial para o Caderno de Educação