A PRIMEIRA BRONCA A GENTE NUNCA ESQUECE (por Laís Martins)

19/12/2013 20:44

            Luiza, apaixonada por Física, sempre estudava essa matéria incrível por grande interesse e paixão, independente de ter prova marcada ou dever de casa. Para a primeira prova trimestral de Física do 1º ano, Luiza estudou intensamente durante a semana, deu aula para seus colegas de sala, resolveu todos os tipos de exercício... Ela sabia todo o conteúdo e mais um pouco, porém, por ser a primeira prova do colegial, os nervos ainda estavam à flor da pele. Chegou o dia da prova: Luiza fê-la um pouco nervosa, mas conseguiu revisar suas respostas e no final, estava certa de que tinha ido bem.

            Quando recebeu a prova corrigida, foi uma dor grande no fundo dos átrios e ventrículos: ela tirou uma nota tendendo a zero. Luzia só queria sumir daquela sala, ficou com tanta raiva de si que amassou a prova e começou a chorar de desespero, de decepção, de vergonha, de tristeza, de tudo!

            Quando sua professora a viu chorando, ela falou indignada:

            - Luiza! Você está chorando por causa da sua nota?

            Logo em seguida seu olhar desviou-se para a mão de Luiza, onde estava a prova amassada, foi então que percebeu o quanto sua professora estava brava:

            -VOCÊ AMASSOU SUA PROVA? EU NÃO ACREDITO NISSO, LUIZA! VEM AQUI COMIGO! - Ela pegou a prova da mão de Luiza e levou-a até a secretaria.

            Àquela altura do campeonato, Luiza já estava desesperada pensando no que diria a seus pais depois que fosse expulsa do colégio. Para sua sorte, a diretora estava em uma reunião, então sua professora entrou numa sala, puxou uma cadeira, desamassou a prova e, para surpresa de Luiza, a professora mostrava uma expressão tranquila, mas ainda séria:

            -Senta aqui que eu quero conversar com você.

Soluçando e com os olhos inchados de tanto chorar, Luiza sentou-se meio sem jeito, já se preparando psicologicamente para o tamanho da bronca que estava por vir. A conversa foi rápida:

            -Sabe o que é isso? - apontando para a prova- Nervosismo de querer escrever tudo que sabe!

            Luiza permaneceu ouvindo, calada, mas ainda derramando algumas lágrimas.  Algumas palavras a mais bastaram para que Luiza parasse de chorar:

            - Se é a nota que te preocupa, não tem problema, eu resolvo isso agora. Se for pra você parar de chorar e ficar feliz, eu coloco um dez aqui na sua prova e no seu boletim e pronto, tudo resolvido! Só acho uma pena, Luiza, porque eu achei que você fosse muito mais que um número no papel!

            Moral da história: foi a pior nota de Física que Luiza tirara em toda sua vida, mas hoje ela é grata por ter ido mal nessa prova, porque esse foi de longe o melhor e mais lindo “tapa na cara” que ela já levou! E a professora que lhe deu essa “bronca” tornou-se o que ela chama hoje de “melhor professora do universo”. Não só pela bronca, mas pela genialidade, pelo profissionalismo, pelas aulas mais fantásticas de Física e, principalmente, por ter sido a primeira pessoa a reconhecer Luiza pelo seu esforço e dedicação, e não apenas por um mero resultado.

             História verídica essa, é com mols de carinho que eu dedico a matéria de hoje à Daniela Coccaro, minha Mestra de Química, professora brilhante e de grande inspiração pra mim. MOLS de obrigada pelo “tapa na cara” mais bem dado, Dani! FANTÁSTICO!

    Laís Martins é estudantes universitária de Química na USP e escreve às sextas-feiras no "Diálogos do Caderno".