A VIDA HUMANIZADA!?.(por Marcus Phlavio)

27/05/2014 22:46

Hoje gostaria de compartilhar outro presente que ganhei de um amigo, distante e perto. Graças a uma chamada “rede social”, onde ao responder sua publicação, fui presenteado, ou melhor, dizendo bombardeado com o livro A Paixão Segundo G.H. Clarice Lispector.

E ao começar a reler, logo nas primeiras páginas percebo o quanto Clarice sem minha permissão me choca, chocalha e impede de continuar a ler sem antes tentar fazer perguntas para suas respostas. O titulo do texto é uma resposta, para qual gostaria da ajuda de vocês para formular a pergunta.

Que pergunta caberia a resposta: a vida humanizada. O pequeno trecho em questão está a me indagar por vários dias, em busca de uma pergunta que possa dar forma, expressão, conteúdo e também encontre correspondente no corpo.

Corpo que também aparece no livro como uma resposta a busca de uma forma, um contorno do caos, talvez um aprisionamento de uma substância que erroneamente posso chamar de “alma” e ao tentar conter tamanha paixão, estaria liberando-a e libertando-a das amarras de uma falsa compreensão.

Muito tempo se passou, muitos livros se apoderaram de mim e meus espelhos e não me recordava (estou aqui excluindo livros técnicos de minha escolha laboral) do poder que as palavras que bem algemadas me alforriavam de sentidos e medos.

Tentei formular uma pergunta, tendo como partida alguns acontecimentos noticiados pelas mídias, tanto pequenas, grandes, alternativas ou convencionais. Porém seria a vida humanizada a realização de grandes eventos esportivos, onde boa parte da população não poderá ter acesso e nem participar, vale lembrar que o esporte deveria ser uma porta para valorização da vida e não uma represa de exclusão. Então olhei para o cenário político, não obtive condições de formulação da pergunta, pois o mesmo parece estar recheado de “não estava sabendo de nada”, de discursos que contradizem não só os fatos, mas também as imagens seria então uma vida humanizada a total sensação de abandono e descaso compartilhada por todos e para todos?

E agora com que base formular a perguntar para a resposta que Clarice Lispector na minha visão nos aprisionou? Não poderia me esquecer das minhas ciências de origem, onde talvez possa encontrar um continente, que possa conter de sentidos e não justificativas para a resposta.

Talvez a vida humanizada seja entrar em contato com toda a contradição, que a condição de ação possa nos revelar e velar, ou então como diria a psicanálise “existo onde não penso”, um chamado para um encontro de desencontros travados pelas palavras, tramas de desejos e sentidos. Entrar em contato com todas as emoções, afeições, desejos, instintos e pulsões.

A vida humanizada, quem sabe deveria ser a aceitação de toda falta que nos completa, de toda compreensão e limitação que a todos contempla. De não poder negar, que somos capazes de atos destrutivos, sem jamais justificá-los por um passado que se faça presente ou por um futuro esquecido.

Vejo que ainda não consegui formular uma pergunta para a resposta: a vida humanizada penso que talvez a pergunta seja a mesma resposta: a vida humanizada? E vocês?

Marcus Phlavio é psicólogo e escreve as terças-feiras no Caderno no Divâ


 

 

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