ANALISANDO O BBB: BARBIE E SUPERMAN. BOBA E REI (por Anne Coello)

17/02/2014 11:55

            Você pode não gostar, não assistir e achar uma tremenda babaquice. Mas ninguém pode negar que ao dar uma espiadinha todo início de ano no reality Big Brother Brasil é possível detectar comportamentos humanos da atualidade.

             A minha observação na última semana ficou por conta de duas cenas: Em uma a garota é chamada de burra diversas vezes pelo namorado de confinamento. Na outra, a garota reclama com o “amigo e pretendente a ficante” de tê-la chamado de boba. Embora nas duas situações o fato destacado seja os “xingamentos”, minha observação parte da situação e da reação de cada uma.

            A garota chamada de burra, Tatiele Poliana, é o estereótipo das piadinhas. Uma Barbie, loira, miss que tropeçou na passarela e na primeira semana já fez seu par no BBB. O “namorado” Roni é estereotipado como Superman pelo corpo, rosto e cabelo, se diz um cavalheiro mas chamou a garota de burra várias vezes, entre outros adjetivos, somente porque a menina não encontrava couve para as compras na feirinha pobre dos confinados. Não faz jus ao comportamento do verdadeiro Superman.

            O que mais me espantou foi a garota reagir apenas com um sorriso, meio amarelo, meio sem graça.... E me fez pensar como essas meninas tão modernas, descoladas, antenadas e livres podem aceitar ser chamadas de burras...Por um cara que acabaram de conhecer.... em rede nacional...?  Sou casada há 20 anos e nunca fui chamada de burra.... e nem aceitaria. Mas se essas meninas aceitam isso com mil câmeras em volta, o que mais ouvem e suportam entre quatro paredes?

            No segundo caso, Marcelo soltou a frase: “O rei, o príncipe e a boba”. A ironia foi porque o príncipe Júnior estava “cuidando” da perna da boba Angela, depois de tê-la trocado pela amiga Letícia, com quem ficou explicitamente aos beijos, sendo que nem mesmo admitiu um único beijo em Angela, dado escondido na primeira semana. O rei da liderança Marcelo tentou várias vezes um beijo, sem sucesso.

            Angela não gostou da frase, tomou satisfação com Marcelo e disse que não aceitava ser chamada de boba na frente de seus amigos. Admitiu que podia até estar sendo boba, mas que Marcelo deveria ter falado particularmente com ela. O fato é que a advogada se posicionou e deixou claro como queria ser tratada. Marcelo se desculpou e voltou ao seu posicionamento cordial, uma característica até então.

            Essas duas histórias mostram que é preciso deixar claro como você quer ser tratada. Embora hoje a liberdade seja muito maior nos relacionamentos e nas atitudes, é possível perceber o aumento da desvalorização do ser humano, especialmente da mulher.

            Hoje não é difícil ver jovens casais trocando tapas e empurrões como forma de brincadeira.... Admito que recentemente me espantei com a cena em um supermercado. Conto aqui o caso de uma namorada que um dia tomou um beliscão do namorado por ciúme. Lembrando de um sutil aviso do pai, que nunca aceitasse brincadeiras que causassem dor, respondeu ao garoto que nunca mais fizesse isso. E assim ensinou os filhos.... brincadeira de mão, não é brincadeira...

            A conclusão? É preciso falar claramente o que não é aceitável. Isso para um xingamento não se transformar em agressão moral, uma brincadeira não se transformar em  agressão física. E acredite, não é exagero. Se fosse, não existiria delegacias da Mulher e a Lei Maria da Penha.

            NÃO É NÃO! Fica o alerta!

 

            Anne Coello é jornalista e escreve às segundas no "Diálogos do Caderno".