ATRÁS DAS METAS NA EDUCAÇÃO

Falta qualidade na educação e as metas mundiais de avanço projetados até 2015 não serão atingidas. Essa é a constatação da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), que divulgou nesta quarta-feira (29.01) o 11º Relatório de Monitoramento Global de Educação para Todos, realizado com 164 países, entre eles o Brasil.
Embora tenham sido registrados avanços importantes, itens como analfabetismo, deficiência de aprendizado e falta de acesso à escola por gênero foram pontuados no relatório, conforme dados divulgados pela Agência Brasil.
A previsão de não atingir metas foi feita com base nos compromissos assumidos pelos países no Acordo de Dacar (Senegal), em encontro realizado em 2000. Os seis pontos principais eram: expandir cuidados na primeira infância e educação, universalizar o ensino primário, promover as competências de aprendizagem e de vida para jovens e adultos, reduzir o analfabetismo em 50%, alcançar paridade e igualdade de gênero e melhorar a qualidade da educação.
No item gênero, o relatório mostrou que 54% das crianças fora da escola são meninas, situação que é mais grave nos países de baixa renda. Em relação ao analfabetismo, em 11 anos houve redução mundial em apenas 1%. Dez países respondem por 72% do analfabetismo mundial e o Brasil está entre eles, na oitava posição.
Os adultos analfabetos representam a maior parcela nesse ranking, que ainda conta com Índia, China e Etiópia. A meta de reduzir a taxa só foi atingidas por 29% dos 164 países. O Brasil tem hoje 12,9 milhões de pessoas que não sabem ler/escrever, segundo dados do Pnad 2011. O índice atual é de 8,6% e a meta estipulada para 2015 é taxa máxima de 6,7%. Ou seja, é preciso avançar muito ainda.
APRENDIZADO – Além de manter as crianças e jovens na escola, também é preciso garantir a qualidade do ensino. O relatório da Unesco alerta que quase 40% das crianças da educação primária não estão aprendendo nem mesmo o básico, ou seja, leitura e matemática.
Entre os jovens, houve redução de 31% na evasão escolar desde 1999, mas desde 2007 se mantém no mesmo patamar. Mas nos países pobres chega a 14% o volume de jovens de baixa renda que chegam ao primeiro ano do ensino secundário. Problemas com a capacitação e formação de professores agravam o avanço na qualidade da educação.
É fundamental o investimento na educação, não só de agentes públicos, mas também privados. O problema é que a Unesco já prevê queda na aplicação de recursos privados. A falta de recursos é o principal problema na maioria dos países. O Brasil, por exemplo, foi um dos que aumentou bastante o investimento em educação, ainda assim está aquém do necessário para conquistar resultados significativos.
A projeção do relatório Unesco é de que seria necessário aplicação de 6% do PIB em educação, mas em média é de 5,1%, já com o salto do patamar anterior, que era de 4,6%. Mas não basta apenas dinheiro. È preciso boa gestão, aplicação e gerenciamento de bons programas, especialmente na educação básica.
No Brasil, a meta estabelecida pelo governo federal é a aplicação de 10% do PIB. O dado consta do Plano Nacional de Educação, em tramitação há dois anos no Congresso e que planeja a educação para os próximos 10 anos. A principal fonte desses recursos seria os royalties da exploração dos novos campos de petróleo brasileiro.