A percepção faz parte do ser humano. Poucos a utilização para a contextualização.
Gratissimo e sempre muito bem-vindo.
Abraços
Borto
AUTOMATIZAÇÃO DAS RELAÇÕES HUMANAS! (por José Carlos Bortoloti)

- Nomofobia –
“... Não há nada mais gratificante do que o afeto correspondido,
nada mais perfeito do que a reciprocidade de gostos
e a troca de atenções...!"
Cícero
Todo ser humano nasce de um acordo. Entramos nesse mundo como resultado de uma aliança. Às vezes feita de amor; Às vezes de circunstâncias, mas sempre feita em segredo,
Em sua forma mais pura, uma união torna-se parte de nossa essência. Mas quando tal vínculo é quebrado nossa essência muda para sempre.
Esta espécie de confissão de alma é minha preocupação com aquilo que coloquei como título: Estamo-nos ”automatizando” cada vez mais. Nossas relações estão sendo todas feitas digitais e somos analógicos.
Amamos, nos tratamos, nos conhecemos e nos relacionamos tudo digitalmente.
Entram smarthphones, notebooks, e todo tipo de tecnologia moderna. Facilidade, rapidez... E lá se vão informações... Ou apenas palavras “digitadas” rapidamente entre a multidão. Em ônibus, trens, dirigindo, enquanto estamos em sala de aula. Enfim, em todo lugar.
Em um programa que participo uma ouvinte, aluna de direito da Unicamp desabafou, ao vivo:
“... Nosso professor entra em sala de aula, manda-nos abrir o notebook, dá um assunto e diz: - (...) pesquisem sobre isso no Google (portal mundial de informação), e me passem até o final da aula”.
“Em seguida...” – Continua a aluna:
“Ele simplesmente sai da sala. Fiquei espantada e o segui: Foi para a sala dos professores, tomar café e falar sobre namoradas e futebol...!”.
O desabafo de uma brasilesa, de fato, preocupada com seu próprio aprendizado mostra como estamos atualmente.
O jornalista Wagner Moura fez um apanhado, uma pesquisa e chegou a seguinte conclusão:
84% dos brasileses entre 16 e 24 anos, utilizaram algum tipo de celular sendo: Aparelhos básicos – 44%; Smartphones – 36%; Multimídia – 21%.
Diz mais o jornalista:
Entre os aplicativos mais baixados estão: jogos – 68%; Redes Sociais – 67%; Mapas e pesquisas – 51%; Vídeos – 49%.
Continua o profissional:
Quanto à utilização das redes sociais por smartphones, os países com maiores índices são, respectivamente:
Brasil – 75%; Estados Unidos – 63 %; Reino Unido – 63%; China – 62%; Russia – 5% e Índia com 26%.
Com isso criou-se uma nova mania ou fobia, ou então vício que leva a um deles:

Nomofobia - É uma fobia ou sensação de angústia que surge quando alguém se sente impossibilitado de se comunicar ou se vê incontatável estando em algum lugar sem seu aparelho de celular ou qualquer outro telemóvel.
É um termo muito recente, que se origina do inglês: No-Mo, ou No-Mobile, que significa “Sem telemóvel”. Daí a expressão Nomofobia ou fobia de ficar sem um aparelho de comunicação móvel.
Essa expressão surgiu na Inglaterra, onde mais de 50% da população é possuidora de telemóveis e mais de 13 milhões de britânicos, em pesquisa realizada pelo Instituto YouGov para o Departamento de Telefonia dos Correios britânicos.
Os sinais desta Nomofobia são:
Incapacidade de desligar o telefone; Verificação obsessiva de chamadas perdidas, e-mails e textos.
Tentativa constante de aumentar a vida da bateria.
Incapacidade de sair ou até mesmo ir ao banheiro sem levar o telefone celular.
(Fonte Azul Psicologia e Saúde).
Agora você imagina você indo a algum lugar, para jantar, por exemplo, e ver em outra mesa um casal, cada um no seu celular, sem dizer uma palavra ao outro.
Fácil de imaginar, não é mesmo?
Mas retorno a preocupação da Estudante de Direito da Unicamp:
Ela, ao final de sua mensagem, disse:
“... Eu não entrei em uma faculdade para olhar e pesquisar em um sitio de busca. Para isso ficaria em casa e não precisaria gastar tanto dinheiro e tempo. Eu venho a uma sala de aula para ter lições de um professor, de um mestre, de alguém que sabe muito mais do que eu. Caso contrário, o que estou fazendo aqui...?”.
Uma das grandes preocupações atuais, juntamente com o Professor e colega Jornalista Nelson Valente, ao criarmos o #SOSEducacao, foi exatamente focar naquilo que o grande sábio Rubem Alves já deixou escrito para a posteridade:
“Um aluno é um diamante bruto a ser lapidado... (...) o tipo de lapidação que dermos a “ele” terá o valor futuro que queremos... Ou não!”.
É esta “lapidação” que estamos fazendo com nossos filhos? Cadê o colo, a mão dada, as conversas sobre a natureza, sobre as flores, sobre os pássaros?
Nada mais disso interessa. Afinal tem tudo em um sitio de busca na rede mundial de computadores, facílimo de acessar... Até pelo celular... Simples!
Simples?
Não. Nada de simplicidade tem nisso. Estamos complicando nossos jovens e os estarmos fazendo retornar ao seu estágio de “carvão” e não de um “diamante” a ser lapidado, valorado e com isso valorizado.
Penso que neste tempo que consegui chegar... Tudo o que aprendi... Teve um resultado. Precisei de um motivo para viver... Um propósito.
Creio, afinal, que não estamos dando “motivos” nem “propósitos” para nossos jovens.
Para nosso “presumível” sossego os estamos “comprando” com aparelhos eletrônicos e os afastando... Cada vez mais... Primeiro de nós mesmos... Depois do convívio, das relações, da sociedade.
Como será a relação de um casal? Pelo celular? Pelo notebook um em cada sala?
É isso?
Bem... Se for este o tão propagado “futuro” e “evolução”... Lamento: Quero minha nave de volta e retornar ao meu planeta.
Não sou daqui.
Desde que nascemos somos levados a formar uma união com os outros. Uma eterna estrada para se conectar, amar... E pertencer.
Em uma união perfeita – sim, elas existem - nós achamos a força que não podemos encontrar sozinhos. Mas a força de uma união não é conhecida até ser testada.
Mas não por celulares ou por rede mundial e eletronicamente.
Somos humanos... Não robôs!
Mais afeto... Mais gentilezas... Mais proximidade... Mais humanidade!
Pensar não dói... Mas sermos automáticos nos transformará em “coisificação”.
Eu não quero isso. E você?
Entendimentos & Compreensões
Percepções de Vida
José Carlos Bortoloti é jornalista, professor de Comunicação e colaborador do Caderno de Educação.
Tópico: AUTOMATIZAÇÃO DAS RELAÇÕES HUMANAS! (por José Carlos Bortoloti)
Obrigado!
Jaime | 05/05/2014
Texto
Jaime Luciano | 03/05/2014
Ainda bem que o mundo tem pessoas como você que acreditam no pensar, no tocar, no falar, no ver, no expressar. Belo texto.
Re:A Análise da Essência!
Suzan | 02/05/2014
""O mundo está chato e eu não tenho estrutura para encará-lo e/ou entendê-lo" mais ou menos isso."
Aqui tentando externar o que pode passar no inconsciente das pessoas. A 1ª pessoa me coloca no lugar de alguém nessa condição. Exato, empatia. Empatia é um sentimento muito saudável. As pessoas poderiam praticá-la mais. Não acha?
Abraço Borto
A Análise da Essência!
Sensivel Susan | 02/05/2014
Fostes perceptivel e corajosa ao ver-se primeiro e depois confrontar as realidades existentes. A isso chamamos de empatia. Sua exogenia toca-me profundamente, não só pelo entendimento da mensagen, pretendida, mas por ver o mundo a partir de seu interior.
Felicissiimo em que nosso amado Caderno teha leitores com sensibilidade e percepção.
Que você possa contagirar sempre os que te rodeiam.
Afetos na alma
Com apreço
Borto!
texto
suzan | 01/05/2014
Não, eu não quero isso. E também não sofro de Nomofobia. Desde cedo aprendi que um dos princípios básicos para se manter a lucidez é seguir o que o famoso filósofo Sócrates disse: 'conhece-te a ti mesmo'. O que está faltando é o conhecimento de si mesmo. O ser humano está cada vez mais distante de si mesmo, cada vez mais se distanciando de sua essência humana. O medo que paralisa está fazendo as pessoas mergulharem muito fundo na máquina. Usar a máquina pra chegar até o outro evita frustrações. "O mundo está chato lá fora e eu não tenho estrutura para encará-lo e/ou para entendê-lo" mais ou menos isso. Enfim, seu texto, excelente texto, dá margem para análises diversas envolvendo as neuroses sociais.
Será se dá pra colocar cada coisa em seu devido lugar, ainda?
Abraço caríssimo Borto.
Ah, minha terapeuta das Redes!
Doce e Sempre Amada Neide! | 02/05/2014
Gosto de suas sínteses. Elas propoe uma tese quase sempre e jamais faria ou tentaria uma antítese.
Eis alguem que gostaria de ter a frente, ou ao lado em uma terapia,
Assim, só diferente, não louco. mas com esta "coisa" que parece cada vez mais distante do "olho no olho".
Sou teu fã e amigo de alma.
Afetos e afagos nesta alma divina.
Borto
Texto
Neide Pissoler | 01/05/2014
Hoje eu postei no Facebook (ainda uso)" não sou louco, só sou diferente". Acho que muitos não entenderam. Faço parte deste grupo quase extinto de "olho no olho", conversas entrando pela noite...risos e "contos" como todo mineiro gosta.
Claro que a tecnologia é um ganho nosso, mas sem exageros... Ah, e também sofro de Bortofobia...
Entao....
Danka Guriaaaaaaaaaa! | 01/05/2014
..... tmbem sou Dankfóbico, pois amo estar naquela verdadeira biblioteca de cultura de Super Danka..
Saindo inscrito para postar nas tua prateleiras
Boraaaa lá g uriaaaaa
Beijos literários.
Com afeto e admiração
Borto
NOMOFOBIA
Amado Escritor Toni! | 01/05/2014
Puxa agora deu saudades da máquina de escrever, ela nos fazia parar e olhar para um olhar, para sentir uma mão no ombro e as relações ainda existiam com afeto e calor.
Tem razão.
obrigado por estar sempre deixando-nos a pensar
Grato
Borto!
NOMOFOBIA
Antonio Figueiredo | 01/05/2014
Uma conquista por SMS tira o "frio da barriga", tira a "paixão"... enfim "tira a tesão".
O medo da rejeição acaba por se impor a todos e com isso todos somos rejeitados por antecipação.
Ainda bem que isso não acontecia no tempo da máquina de escrever....