DIÁLOGOS COM LAÍS - "O TROCO - PARTE 1" (por José Carlos Bortoloti)

30/01/2014 10:47

#SérieSeresSábios

“...Terminar o momento, encontrar o final da jornada

em cada passo do caminho, viver o maior

número de boas horas, é sabedoria...!”.

 

By Ralph Waldo Emerson

 

            Dia comum. Entro em casa e me deparo com Laís.

            Isso é ruim. Devo estar com problema de memória, pois a convidei para discutirmos tantas coisas entre a sabedoria de uma jovem e sábia cientista e a simplicidade de alguém que conhece um pouco da língua pátria.

            Ela, como sempre, simpaticíssima, diz logo:

            - O que houve com você Borto?

            Por favor, Laís, pegue com água ou suco, tanto faz se é em copo de plástico ou de vidro, que estou “enferrujado”...

            Laís sai em direção à cozinha, afinal esta amiga amada é de casa, rindo... E com um sinal de ironia.

            Logo pensei... Pronto lá vem bomba...

            Laís retorna com o copo de vidro com suco, que encontrou me alcança e logo lança a interrogação:

            -Enferrujado é...

            Ao qual respondo:

            Sim, doce amiga, nadei um pouco demais, estou fora de forma e preciso ter mais disciplina e fazer mais isso para manter meu corpo. Acabei nadando e cansando. Afinal não tenho mais a tua juventude.

            Ao que Laís responde:

            - Hum... Agora ficou melhor! Cansado... Mas enferrujado é impossível.

            Ferrugem vem de ferro. O ferro entra em contato com o oxigênio, libera elétrons e se oxida gerando a ferrugem. De certa forma, o ferro deixa de existir. Mesmo assim, a corrosão leva o nome daquilo que já não é. Por quê? Se o zinco enferrujasse seria zinrugem.

            Ao que respondo:

            - Está bem “bortugem”. Pronto, não quero discutir e não foi para isso que te convidei hoje.

            E depois Laís, estamos apenas conversando subjetivamente e não tendo uma aula de cientificismo, não é mesmo?

            Mas por favor, pega leve, me deixa descansar um pouco e depois você pode rir do que eu digo certo?

            Mas lembrei e a resposta saiu automaticamente.

 

            - Aha, te peguei super cientista da série The Big-Bang Theory... Não é só isso não, Vamos lá, já que quer discussão vamos a ela:

            Primeiro Laís: Subjetividade é a opinião pessoal de cada individuo a respeito de algo ou alguém. Não existe um padrão ou definição para esta opinião variando de pessoa para pessoa, sofrendo influencias por cultura, religião, politica, região geográfica, instrução, conhecimento entre outros.

            Segundo, minha amada cientista sabia que o soja tem ferrugem e é um planta?

            -Ah, Borto! – responde Laís, quer tentar me confundir é? Vai tentando...

            Borto responde:

            - Não minha doce menina e precoce cientista:

            A ferrugem no soja. Sim é masculino, pois é um tipo de feijão a ferrugem asiática ou ferrugem do soja que os biólogos chamam de Phakopsora sp – e isto é tua área, é uma doença que atinge, principalmente a cultura do soja, causando grandes danos comerciais. A ferrugem reduz a produtividade do soja através da desfolha precoce da planta que irá ocasionar uma redução na produção de grãos, porém a interferência ambiental, como o clima e a temperatura é um importante componente para determinar a gravidade da doença na lavoura. Essa doença é causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi, e foi observada pela primeira vez no Japão, no ano de 1902. A primeira aparição da ferrugem asiática no Brasil foi durante a safra de 2000/2001.

            Ao que Laís responde:

            - Serio?

            Sim, amada Laís, tem mais coisas entre o céu e a terra, que sua vã filosofia, e acrescento eu, que seu cientificismo pode compreender, parafraseando Blaise Pascal.

            - Puxa, não sabia disso! Responde Laís.

            - Eu sei Laís!

            A resposta veio na hora:

- Tá se achando agora né Borto?

            Não Laís, não me acho, em linguagem não me acho. Eu sou!

            E depois minha amada cientista tem que levar em conta que na linguagem coloquial, onde se inclui regionalismos, gírias, estrangeirismos e outras, que somente a Língua Portuguesa Brasilesa permite, podem falar muitas coisas. Já ao escrever eu prefiro a norma culta. Assim como teu MOLs pode ser incluído na linguagem cotidiana e se transformar em um neologismo. Mesmo que a palavra exista ela tem outra finalidade e você a colocou na linguagem coloquial e nos estamos usando MOLs no Caderno. E agora minha cientista preferida, já passou o cansaço vamos ao nosso trabalho.

            Sobre o que você queria discutir sobre sua próxima coluna do Caderno?

            Laís coloca a mão no queixo, olha de soslaio, - do tipo: vou te preparar uma: tu me paga – e ficou quieta.

            Afinal um gênio não pode se sentir perdida em algo que se considera quase como uma competição.

            Mas, uma vez de um pobre professor e outra vez para uma cientista.

            Assim, Pensar não dói... Já química... Aiiiiiiii.....

Homenagem à criatividade e ao cérebro iluminado

 e precoce da jovem química e escritora do Caderno Laís Martins.

Entendimentos & Compreensões.

 

            José Carlos Bortoloti é professor de comunicação, jornalista, edita o blog "E Pensar Não Dói" e escreve às quintas-feiras no "Diálogos do Caderno"