O FABIANISMO E A ORIGEM DA EDUCAÇÃO

“Política X Educação!” 4ª Parte -
- A Origem de nossos Problemas Educacionais –
“...Mas, se a sociedade não pode igualar os que a natureza criou desiguais, cada um, nos limites da sua energia moral, pode reagir sobre as desigualdades nativas, pela educação, atividade e perseverança...!”
Rui Barbosa
Efetivamente, a Fabian Society tem sido sempre um grupo de intelectuais.
Seu proselitismo, em determinadas questões, segue uma política de “permeação” das suas ideias socialistas entre os liberais e conservadores. Tentam convencer as pessoas por meio de uma argumentação socialista objetiva e racional em vez de uma retórica passional e de debates públicos.
Acreditam que não existe uma separação nítida entre socialistas e não socialistas e que todos podem ser persuadidos a ajudar na realização de reformas para a concretização do socialismo.
Com as adesões de Bernad Shaw (1884) e de Sidney Webb (1885), a sociedade começou a assumir seu caráter próprio, vindo a se tornar efetivamente socialista a partir de 1887.
Em 1889, sete membros fundadores redigiram um livro que levou o nome de Fabian Essays in Socialism (Ensaio Fabiano sobre o Socialismo), resumindo as bases doutrinárias da Sociedade.
Sidney Webb e Bernad Shaw, repudiando o marxismo, reconheciam que o desenvolvimento promovido pelo “laisser faire” (o capitalismo liberal) correspondia também a uma intervenção do Estado em defesa do trabalhador ou, pelo menos, na melhoria da qualidade e condições de vida.
A legislação sobre salários, condições e jornada de trabalho e a progressiva taxação dos ganhos capitalistas é um meio inicial de realizar a equitativa distribuição de benefícios. O passo seguinte na direção do socialismo, em termos de reformas sociais mais profundas, será a adoção da propriedade e administração estatais das indústrias e dos serviços públicos. Recomendam também a criação do “imposto único”.
Os Fabianos são realistas e procuram convencer todas as pessoas, independentemente da classe a que pertencem e com argumentos lógicos, que o socialismo é desejável e que melhor realizará a felicidade humana.
A Sociedade Fabiana não se dispôs a se organizar em partido, permanecendo sempre como um movimento. Entretanto, em 1906 um grupo de Fabianos e sindicalistas fundaram o Labour Party (Partido Trabalhista Britânico) que adota o Fabianismo como uma das fontes da ideologia partidária.
Em 1945 o Labour Party chega ao poder na Grã-Bretanha expandindo o Fabianismo. O Partido no governo consegue realizar quase todo o ideário dos Fabianos.
Atualmente, a Fabian Society atua principalmente como um centro de discussão intelectual, de propaganda e de difusão do socialismo democrático e como uma referência na Grã-Bretanha para os socialistas, em especial de classe média, que não desejam comprometer-se com o Labour Party.
Antes da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), os Fabianos tinham pouca preocupação com o movimento socialista em outros países. Durante o conflito adotaram até uma posição nacionalista exacerbada.
Na prática política, parece que os Fabianos não têm dificuldade de entendimento com os socialistas revolucionários podendo apoia-los ou com eles fazer alianças, particularmente para atingirem algum objetivo intermediário.
Em termos de internacionalismo, o Fabianismo tem sido sempre considerado a ala direita do movimento socialista. Ideologicamente, coloca-se em posição intermediária entre o capitalismo democrático e o marxismo revolucionário. Com esta posição, em 1929, o movimento Fabiano se propõe como a Terceira Via identificação ambígua quando, na propaganda política, não vem acompanhada de uma definição clara e ostensiva. Após o colapso da União Soviética em 1991, o apelo sedutor da Terceira Via voltou à cena para atrair as esquerdas desorientadas e os intelectuais idealistas sempre sensíveis às novidades.
Repudiando o conceito de luta de classes, os Fabianos em geral reconhecem que a lealdade ao seu próprio país vem antes do que qualquer lealdade ao movimento internacional do proletariado. Isto não impede que Bernard Shaw, em discordância com a atitude nacionalista Fabiana, fosse a favor de uma unificação do mundo em unidades políticas e econômicas maiores.
Determinados Fabianos realmente manifestaram a aspiração de um Estado mundial do tipo tecnocrático, cujo germe deveria ser o Império Britânico, com a função de planejar e administrar os recursos humanos e materiais do planeta. A este respeito, chama a atenção às relações de afinidade, se não de filiação, entre os Fabianos e círculos mundialistas anglo-saxões como o Royal Institute of Internacional Affais (inglês) e o Council on Foreign Relations (norte-americano), criado em 1919.
Provavelmente, foi a partir do conhecimento desta ideia de império mundial, da existência de relações dos Fabianos com intelectuais e políticos norte-americanos e da atuação de certas organizações não governamentais nos EUA que o senhor Lyndon H. La Rouche Jr. engendrou a teoria conspiratória de um eixo Londres-Nova Iorque da oligarquia financeira internacional para a criação de um império mundial de língua inglesa, com a supressão dos estados nacionais.
Comece a pensar mais... Não Dói!
(...Continua...)
Do conhecimento e das pesquisas do grande amigo
Prof. Marlon Adami
Graduado em História - Pós Graduado em Filosofia Política - Pesquisador – Brasília – DF –
Colaborador do Programa #RadarNews da Rádio Beto Mous em https://www.betomous.com/p/radio-mous.html
De suas publicações em:
Desconstruindo Marx - Artigo editado nos anais do I Congresso Internacional de Direito e Marxismo(2011)
Constitucionalismo Contemporâneo na América Latina - Artigo editado no II Congresso Internacional de Direito e Marxismo(2013)
José Carlos Bortoloti é jornalista, professor de Comunicação, assina o blog E Pensar Não Dói e colabora com o Caderno de Educação
Leia Também
A História da Política Educacional
Parte 1 - origem dos nosso problemas educacionais
Parte 2 - A origem: Política x Educação
Parte 3 – História e os problemas educacionais
Parte 5 - Diálogo Interamericano
Parte 6 - Educação e o Fabianismo no Brasil
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