O MAIS CONHECIDO DOS CUBOS
Pergunte para qualquer pessoa se ela conhece um 3x3x3 e a maioria vai responder: não. Mas se você perguntar se já ouviu falar do cubo mágico com certeza a resposta vai ser sim. Esse quebra cabeça intriga adultos e crianças desde os anos 80. Basta ter ele nas mãos, que é quase impossível não começar a mexer no objeto, mesmo para quem nem sonha em solucioná-lo.
Essa atração, transformou o cubo tradicional em sinônimo de presente ou brinde de festas de aniversário a marketing de empresas e escolas. Segundo Fábio Bini, mais de 1 bilhão de cubos mágicos já teriam sido vendidos no mundo desde a sua criação.
Justamente esse jeito intrigante do 3x3 que despertou Gabriel Dechichi para o aprendizado e que ainda o faz correr atrás de novos desafios e principalmente de baixar seus tempos. Hoje é recordista sul-americano de solução do 3x3 em 7.16 segundos, mas em casa já resolveu em apenas 5 segundos.
Na série Quebra-Cabeça dessa semana, a entrevista de Gabriel Dechichi e as explicações de Fábio Bini, para você aprender a montar o cubo ou melhorar a sua performance.
Assim o Caderno de Educação encerra a primeira fase da série Quebra-Cabeça, que trouxe os mais diferentes puzzles usados em competições oficiais com entrevistas de quem se destaca hoje em cada um deles. Acesse cada uma delas aqui:
A partir da próxima semana, a série entra na versão “Modalidades”, dando dicas sobre como montar o cubo com uma das mãos, com os pés, com os olhos vendados.... Aguarde!
Cubo 3x3x3 – Por Fábio Bini.
O cubo mágico tradicional 3x3x3 (ou cubo de Rubik) foi inventado pelo professor de arquitetura Ernõ Rubik em 1974 na Hungria. Começou a ser vendido em 1977 e se tornou um sucesso de vendas no país, na Europa, nos EUA e posteriormente em todo o mundo. Hoje é considerado o produto mais vendido no mundo, com praticamente 1 bilhão de vendas desde sua fabricação.
Faz parte das competições oficiais de cubo mágico, sendo a principal das atrações. O recorde mundial de média na resolução dele é de 7,49s e o recorde brasileiro de média é de 8,94s. Os 3 mais rápidos do Brasil até o momento são: Gabriel Dechichi, Pedro Roque e Israel Machado.
Para resolvê-lo, pode-se utilizar o método de camadas, que consiste em 7 etapas, cada uma solucionada por alguns algoritmos (sequências de movimentos) fáceis de memorizar ou até de entender. As etapas são: Cruz em uma face, Cantos da primeira camada, Meios da segunda camada, Cruz da última face, Arrumar as cores laterais da cruz, Trocar cantos, Girar cantos. As últimas 3 etapas podem ser feitas em outra ordem, dependendo do método de camadas que se aprende, sendo que muitas vezes é necessário aplicar os algoritmos mais de uma vez para chegar à situação desejada.
Porém existe também o método intermediário, que consiste em resolver em menos etapas: Cruz em uma face, Juntar cantos e meios colocando-nos ao mesmo tempo (F2L intuitivo), Cruz da última face, Completar a cor da face superior (2-look OLL), Trocar cantos, Trocar meios (2-look PLL). Para uma melhor execução, aprende-se mais algoritmos para executar as etapas sem precisar de repetição, portanto demanda um conhecimento maior do que o método básico. Este método é uma transição ao método avançado, pois as etapas de execução se assemelham bastante.
Já o método avançado, chamado de método Fridrich ou CFOP (Cross-F2L-OLL-PLL), apesar de ter sido utilizado por outros cubistas da época, foi amplamente divulgado por Jessica Fridrich nos anos 80, que descobriu através de tentativa e erro muitos dos algoritmos e os divulgou posteriormente em sua webpage, portanto seu nome ficou rotulado a este método. Consiste em resolver em apenas 4 etapas: Cruz, Primeiras 2 camadas (F2L), Orientar última camada (OLL), Permutar última camada (PLL). Para tal, é necessário saber 119 algoritmos diferentes (muitos deles com similaridades entre si), englobando todas as possibilidades de trocas de peças.
Além destes métodos, existem outros alternativos como o método Lars Petrus, que consiste em resolver por blocos de peças (primeiramente um 2x2x2, depois um 2x2x3, em seguida um 2x3x3 e por último a última camada). Este método é bastante utilizado na resolução do 3x3x3 com menos movimentos, pois se consegue ótimos resultados com algoritmos mais curtos. Outro método seria o "Corners-First" ou o "Edges First", onde se resolve todos os cantos separadamente dos meios. Este método é muito utilizado na resolução do 3x3x3 vendado, pois facilita na execução independente das peças.
ENTREVISTA - Gabriel Dechichi Barbar, 20 anos, Uberlândia (MG)
Caderno de Educação - Quando começou a montar o cubo 3x3x3?
Gabriel – A primeira vez que eu resolvi o cubo mágico foi em setembro de 2008. O 3x3 em si, o cubo mágico tradicional, foi a categoria que mais me interessou e foi a que comecei a trabalhar e treinar desde então.
CE - O que mais chamou atenção nesse puzzle?
Gabriel – O que mais me chamou a atenção no 3x3 é que era bastante competitivo, muita gente querendo aprender, querendo melhorar. O que mais me intrigou e que intriga até hoje é
a quantidade de desafios que essa categoria proporciona, porque tem muita gente querendo melhorar nela
CE - Qual é o puzzle que mais gosta?
Gabriel – Sem dúvida é o 3x3, o cubo mágico tradicional é o meu preferido ainda. Eu mesmo nunca sai muito dos cubos, mesmo nas outras categorias que treino e que treinei, o 2x2, 4x4, 5x5 e por aí vai... Mas o 3x3 é o que mais me intriga e o que mais gosto até hoje.
CE - Qual considera o mais difícil?
Gabriel – Tem um que eu nem cheguei a montar, é o Teraminx , que é bem grande, é um megaminx com 12 lados só que versão 7x7, mais ou menos como analogia ao 3x3. Dos que eu já montei, eu diria que o mais difícil é o 11x11. Esse é o maior cubo que eu já montei.
CE – Fale sobre objetivos em relação ao 3X3X3?
Gabriel – São sempre melhorar a cada tempo. As categorias que mais estou treinando são o 3x3 normal, o vendado e com uma mão. Em todas essas categorias quero melhorar meu tempo. Eu tento não fixar uma meta específica porque isso normalmente atrapalha os nervos, Dado o recorde pessoal que tenho hoje, quero baixar meus tempos nas três categorias.
CE - Qual seu recorde no 3x3x3?
Gabriel – Meu recorde oficial no 3x3 tradicional é 7.16 segundos. Em casa já fiz em 5 segundos e estou torcendo para conseguir fazer num campeonato. Em média, meu recorde oficial é 8.94 segundos.
CE - Qual campeonato mais gostou de participar até hoje?
Gabriel – Se eu fosse pensar no campeonato que mais gostei de participar até hoje, tem vários. Todo campeonato é bem legal de uma certa forma....pessoal fazendo amizade.... Eu diria que eu gosto de um campeonato que é tranquilo, porque campeonato sempre representa por um lado um pouco de pressão para mim. Eu gosto muito dos campeonatos de Goiânia porque fica perto da minha cidade, perto de Minas, e o campeonato é bem tranquilo, tenho muitos amigos lá..... Um pouco dessa tranquilidade de lá gosto bastante. Dentre vários outros, os de Goiânia são os que mais gosto.