O QUE VOCÊ FALA.... E O QUE SE ENTENDE...! (por José Carlos Bortoloti)

14/08/2014 16:47

#SOSEducacao

“... Se você falar com um homem numa linguagem que ele compreende, isso entra na cabeça dele. Se você falar com ele em sua própria linguagem, você atinge seu coração...!"

 

Nelson Mandela

 

               Em seu último artigo o Professor Francisco Alberto Lemos dos Santos, escreveu aqui nos Diálogos de nosso Amado caderno sobre a Língua Falada e a Língua Escrita.

               Com seu brilhantismo e conhecimento profundo Professor Francisco nos deu uma aula para este país continental onde temos muitas ”línguas” dentro de nossa amadíssima Língua Portuguesa Brasilesa, com os ditos “regionalismos”, ou expressões próprias de cada região (do qual sou um apaixonado pesquisador).

               Temos sido, nos últimos tempos, um tanto quanto “Lacônicos” e vendo “lágrimas de crocodilo” sendo “derramadas” em um ambiente de eleições (por isso eleiçoeiro e não eleitoreiro). Sim Eleiçoeiros de Eleições. Eleitor é o que elege e não o eleito.

               Mas de onde “tiramos” estes termos que estão, literalmente, na “boca do povo”, e que a grande maioria não tem ideia absoluta do que realmente esta falando ou se referindo.

Pois bem vamos por partes – como diria o esquartejador:

Lacônico:

        Duas cidades-estados disputaram a hegemonia da Grécia antiga: Atenas e Esparta – no mínimo, se não leu, ultimamente viu algum filme sobre o assunto (como os 300 de Esparta entre outros). Atenas foi o centro comercial e cultural da Grécia, atraindo comerciantes e artista de outras regiões.

        Esparta, antes de tudo, foi uma verdadeira “fábrica” de guerreiros. Se uma criança nascia com algum defeito físico que a tornasse imprestável para o combate, era simplesmente atirada do alto de um monte. Aos sete anos, os jovens passavam a ser propriedade do Estado e recebiam uma formação rigorosíssima (diferente dos dias atuais), cheia de sacrifícios para se tornarem guerreiros fortes e resistentes. Usavam poucas rupas, comiam apenas o necessário e, no inverno, diariamente se banhavam nas águas gélidas do rio Eurotas. Uma vida... Espartana (o adjetivo veio dai).

         Graças a essa, digamos assim, educação, e à sua dedicação exclusiva à beligerância, os espartanos cresciam e morriam praticamente analfabetos Era como o cantor Leo Jaime uma vez definiu os frequentadores assíduos das academias de ginástica: abdomens definidos, ideias confusas.

        Assim, opostamente aos atenienses, os espartanos desprezavam a oratória. Falavam pouco. Eram lacônicos. Por isso e por que Esparta ficava numa região da Grécia chamada de lacônia.

        Mas e as “Lágrimas de Crocodilo”?

        Chorar lágrimas de Crocodilo é manifestar cinicamente um pesar falso.

        A origem da expressão tem três versões.

        Primeira: segundo o historiador romano Plínio, o Velho, (23-79) os crocodilos das margens do Nilo ruidosamente choravam e manifestavam desespero para atrair a atenção e despertar a compaixão dos passantes, que se aproximavam e eram devorados.

        Segunda: Uma lenda medieval dizia que o crocodilo chorava após devorar alguém.

        Terceira: quando o crocodilo mastiga um alimento (uma vítima), fz uma forte pressão contra o céu da boca e comprime as glândulas lacrimais.

        Portanto ele não esta chorando.. E sim lhe escorem água dos olhos pela enorme força mandibular ao mastigar a vítima.

        É o que temos visto com nossos políticos quando pegam uma “criancinha” ao colo ou abraçam um idoso e deixam cair uma lágrima.

        Um tanto falsa para atrair os eleitores e com isso conseguir alguns “votinhos” a mais. Óbvio que lágrimas falsas. Literalmente estão “devorando” o “coitado”.

        A propósito sempre que você utilizar esta expressão: “coitado”, que o leva ao um determinado “pesar”, a um... Oh, coitadinhos... Como penalizado por alguma situação lembre-se que etimologicamente Coitado quer dizer tão somente fora da subjetividade: ”O Agente passivo do ato da realização do Coito”.

        Lembre-se muitas vezes chamar alguém de “coitado” pode estar se referindo a este ser como algum animal que é passivo no coito como uma Vaca, uma Porca, uma égua...

 

        Pensar não dói... Já algumas expressões... Ai...

 

 

Fontes:

Pesquisas do cronista.

Spalding,Tassilo Orpheu. Dicionário da Mitologia Latina.

 São Paulo. Cultrix. 1982

Nascente, Antenor. Dicionário etimológico resumido.

Rio de Janeiro. Instituto Nacional do Livro, 1966.

 

José Carlos Bortoloti é jornalista, professor de Comunicação, assina o blog E Pensar Não Dói e colabora com o Caderno de Educação