PARTE CONTINENTAL SUBMERSA DO BRASIL É DESCOBERTA

Imagine um navio japonês de US$ 100 milhões e um submersível de US$ 130 milhões em águas brasileiras buscando um continente submerso. Filme de ficção? Mais uma aventura de James Bond? Um filme de aventura submarina.
Não deixa de ser uma grande aventura, mas dessa vez é bem real e pode significar uma grande descoberta científica em nível mundial, apesar de beneficiar em cheio o Brasil.
Uma expedição nipo-brasileira encontrou a presença de granito em uma formação rochosa conhecida como “Elevado de Rio Grande”, distante 1.500 metros da costa brasileira, região do Rio de Janeiro e a 4.000 metros de profundidade. O “Elevado” é uma cordilheira submersa cujo tamanho estima-se que seja a metade do Estado de São Paulo.
Especulava-se que poderia ser uma formação de rochas vulcânicas, bastante comuns nos oceanos, mas a presença de granito descartou essa hipótese, comprovando que o “Elevado” é a continuidade da plataforma continental brasileira. Essa “parte desgarrada” do Brasil teria caído no fundo do oceano na época da separação continental da América do Sul, no caso o Brasil, da África. Estima-se que isso tenha ocorrido há 130 milhões de anos.
A expedição só pôde ser realizada graças à parceria com o Japão. O custo foi muito alto. Iniciada em janeiro, a missão contou com o navio japonês Yokosuka que serve de apoio e hospeda o submersível Shinkai 6500, equipamento de alta tecnologia.
O Shinkai consegue alcançar 6.500 metros de profundidade, mas nessa expedição atingiu 4.000 metros, quando foi possível coletar amostras das rochas. Mergulhadores chegaram a passar oito horas submersos. O Shinkai consegue transportar três pessoas, geralmente um pesquisador e dois pilotos.
A parceria realizada entre Brasil e Japão envolveu a CPRM (Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais), a Jamstec (Agência Japonesa de Ciência e Tecnologia da Terra e do Mar) e a USP (Universidade de São Paulo). O Shinkai ainda viajará por um ano em outras missões pelos oceanos, sempre em busca de formações rochosas como a brasileira.
CUSTO DO PROJETO
Foram gastos nesse projeto US$ 10 milhões. Por isso, o governo brasileiro afirma que sem o Japão a descoberta iria demorar muito mais. Nos últimos quatro anos o Brasil gastou R$ 80 milhões em pesquisas atrás de confirmar ou não essa suspeita que uma parte do continente brasileiro se desprendeu na separação da África.
PERFURAÇÕES
Ainda é necessário a realização de perfurações no “Elevado do Rio Grande” para uma total comprovação da descoberta que a formação rochosa é parte do continente brasileiro. A presença de granito descarta a possibilidade de ser uma formação de rochas vulcânicas.
Essas perfurações devem ocorrer ainda este ano. Se for comprovada que realmente é um pedaço da crosta continental brasileira o “Elevado” é um pedaço do Brasil e passa ser área exclusiva de exploração, inclusive econômica.