PESQUISAS QUEREM SABER O QUE OS JOVENS PENSAM

Enquanto os brasileiros estão nas ruas protestando e quando católicos do mundo todo estão no Brasil para a Jornada Mundial da Juventude, pesquisas realizadas no Brasil e em países americanos tentam descobrir o que pensa essas pessoas de 15 a 29 anos que são a força de trabalho e o futuro do Brasil e do mundo.
Estudo pioneiro realizado pela Organização Ibero-Americana da Juventude (OIJ) tentou descobrir o que passa pela cabeça dos jovens de 20 países ibéricos, em relação à violência, protestos, futuro e temas considerados controversos, como aborto e homossexualidade.
Descobrir o que pensa e para onde vai essa população jovem é fundamental, especialmente no Brasil e no México, que representam 80% da população ibero-americana, com mais de 150 milhões de pessoas, com 80% vivendo em zonas urbanas.
Divulgado esta semana pela rádio ONU (Organização das Nações Unidas), o levantamento mostrou, por exemplo, que os jovens brasileiros são os mais liberais em temas como casamento entre pessoas do mesmo sexo, descriminalização do aborto e legalização da maconha.
Por outro lado, os jovens brasileiros não são favoráveis à integração regional. Mas 60% dos latinos americanos concordam com o trânsito livre de pessoas na região, uma moeda única e a solidariedade com pequenos países.
Violência e insegurança estão entre as principais preocupações dos jovens da região ibero-americana, sendo que os jovens brasileiros ainda destacaram o uso de drogas e álcool como os maiores problemas, inclusive com decorrência na violência.
Primeira fase de uma pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), divulgada esta semana, mostra ainda que os jovens brasileiros querem educação de qualidade (85,2%), serviços de saúde (82,7%) e alimentação de qualidade (70,1%), além de um governo honesto e atuante (63,5%).
OTIMISMO – Enquanto o Papa Francisco diz no Brasil que “Cristo bota fé no jovem” , que é preciso ter esperança e não se deixar abalar, o otimismo quanto ao futuro não está em alta entre os jovens.
Índice de Expectativa Juvenil, do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), mostra que apenas 44,9% dos jovens portugueses estão otimistas em relação ao futuro. Portugal vem em último entre 20 países, mas os brasileiros também estão entre os menos otimistas.
Os mais otimistas são os jovens do Equador, Costa Rica e Nicarágua, onde 70% dos entrevistados têm boas expectativas. Uma curiosidade é que, em geral, os jovens demonstram maior confiança e boa expectativa sobre o seu futuro pessoal, do que em relação à melhoria dos seus países.
Mas as boas expectativas dos jovens são consideradas fundamentais para a melhoria de um país, concordam representantes das Nações Unidas, do governo brasileiro e da Igreja. Logo que chegou no Brasil (22.07), o Papa Francisco disse que era preciso cuidar dos jovens porque “a juventude é a janela pela qual o futuro entra no mundo”.
Ao mesmo tempo, o governo brasileiro divulgou que os jovens atuais são a maior força de trabalho da história do país. Os 50 milhões de jovens de 15 a 29 anos vão responder por 26% da população economicamente ativa nos próximos 10 anos.
A ONU entende que os jovens precisam ser ouvidos e envolvidos nos debates políticos, porque são essas decisões que afetam a vida de todos. A definição das políticas públicas deve estar integrada às necessidades dos jovens, já que deles depende a economia dos países, o que gera recursos para investimentos sociais.