SEU LULU JÁ FOI AVALIADO? QUE NOTA TEM? (por Mônica Bayeh)

09/12/2013 17:04

            Sei que normalmente o processo é inverso. Mas alguém aí já entrou no Lulu? Eu entrei. De verdade, não vi muito sentido. Bom de falar mal de homem é junto, rindo, chorando, se divertindo com as amigas. Bom de falar bem de homem não tem. Quando o homem é bom, a gente cala para não abrir concorrência.

            Já dei algumas dicas preciosas, já recebi também. Fiquei bem agradecida. Mas postar assim, ao vento? Que função tem? As avaliações são anônimas. Quem me garante que não são da própria família? A mãe do Lulu que já não aguenta mais ter aquele homem encalhado em casa,  deitado no sofá da sala quando ela quer ver novela?

            As irmãs e amigas que torcem para que o Lulu murcho, triste e abandonado se erga novamente. Podem ir lá e dar uma curtida tendenciosa. Lulus também podem trocar curtidas entre si. Combinando, é claro, de se darem a nota máxima. Uma troca de gentilezas.

            E se a avaliação for fake? E se , o Lulu, no auge do desespero, comprar curtidas? Já vi sites que vendem curtidas. Se for real, que motivação faz uma mulher gastar seu tempo curtindo Lulus? Se a avaliação for negativa, foi por despeito? Raiva? Dor de cotovelo, tipo raposa com as uvas? Porque, veja bem, se o cara manda mal, isso rapidamente será descoberto. Não preciso me vestir de Procon e sair, raivosamente, anunciando por aí.

            As categorias se dividem em : ser engraçado, fofo, gato, bom de cama, confiável. Para quem? Tem homens que eu não pegaria nem por falta de opção. Aposto que muitos pensam a mesma coisa a meu respeito.

            Os mesmos que não me servem desfilam bem felizes com suas parceiras. Então para alguém  eles servem e são gatos e fofos. Questão de gosto pessoal. Como crítica de filme. A crítica é boa, você vai e odeia. A crítica arrasa, você ama. Quando o assunto é pessoal , tudo muito relativo.

            Cama é encaixe, beijo é encaixe. Gato e fofo é questão de gosto. Engraçado? Tem coisa mais relativa do que o que é engraçado? Já ri , da barriga doer, de escorrer lágrima, sozinha em cinema cheio. Sou louca, talvez. As loucuras  precisam se encaixar também.

            Quanto a ser confiável? Confiável para quem? Conheço um sujeito que foi cachorro em tudo o que uma pessoa pode ser. Trocou a mulher por outra, uma nova antiga, e com ela seguiu bem feliz. Saindo do mundo dos caninos. Então é cachorro  ou não? Depende de qual das mulheres vai avaliar. Foi cachorro porque é sempre assim? Não necessariamente. Talvez porque, na aflição do momento, não vislumbrou outra saída. Assim como todos nós somos cachorros eventualmente...

            Lulus e pererecas viraram mercadoria barata na internet, agora com direito a opinião do consumidor. Não sei não. Sou da época das cantadas olho no olho, anotar telefone, chamar para um cineminha. A conquista tinha charme, tinha gosto. Lulus tinham um desafio a alcançar e tinham que ralar. Nesse meio tempo, a gente via se servia ou não: eu para ele e ele para mim. Conquista era processo artesanal, cuidadoso, íntimo e sem comercial em rede social.  

 

            Mônica Bayeh é psicóloga, especializada em crianças, adolescentes e famílias, pós graduada em psicopedagogia e colaboradora do "Caderno no Divã"