SOBRE O OLHAR.... (por Gisela Reis)

24/03/2014 12:39

        Olá como estamos?

 

        Agora a gente vai papear as segundas também e isso me deixou muito feliz, afinal, papear sempre é bom demais....

        Adoro música, considero música um bálsamo para a alma. Brinco, que sempre fui devorada por elas, para tudo em minha vida tenho uma playlist.

        Sobre o olhar, existem milhares de músicas, uma mais linda que a outra, mais uma em especial, quero pensá-la com vocês:

Pessoa (Marina Lima)

Olhar você e não saber
Que você é a pessoa mais linda do mundo
Eu queria alguém lá no fundo do coração

Ganhar você e não querer
É porque eu não quero que nada aconteça
Deve ser porque eu não ando bem da cabeça
Ou eu já cansei de acreditar

O meu medo é uma coisa assim
Que corre por fora entra, vai e volta
Sem sair, oh, oh
Oh, não ! Não tente me fazer feliz
Eu sei que o amor é bom demais
Mas dói demais sentir

 

        Ah! Essa música é linda demais e com um título que resume tão bem seu sentido: “PESSOA”.

        Tenho me deparado com esta ambivalência de sentimentos e sentidos em meu cotidiano, sou psicóloga, ouço pessoas, vejo sentimentos, saboreio sensações, sinto cheiro de angústias e tateio por palavras; todos meus sentidos estão presentes em cada sessão; mas este querer e não querer, este contentamento descontente, tem me gerado uma vontade enorme de olhar...falando sobre isso.

        Um bebê até os 4 meses de idade não tem a visão nítida do mundo, exceto à uma distância; a distância dos seus olhos nos olhos da mãe durante a amamentação; nesta distância ele tem completa nitidez, portanto, no reflexo do olhar da mãe, tem nítida sua auto imagem, percebendo-se, enfim, existindo...

        No olhar do outro nos constituímos PESSOA, mas quando o assunto é o amor, as pessoas não se veem mais, veem apenas reflexos borrados pela dor, como a música retrata, as pessoas hoje tem medo de amar por medo de sentir, pois sentir tem sido amplamente associado à dor.

        Tenho ouvido pessoas clamando por outras, mas ao mesmo tempo, pedindo para que não as faça felizes, clamam e reclamam de solidão, mas se sentem seguras sozinhas.

        Amar definitivamente pode ser incrível, mas esta sensação só será possível se nos abrirmos para o universo de possibilidades que este sentimento nos oferece, mesmo que uma dessas possibilidades seja a dor, acredito que valha muito a pena a tentativa. Tentar pode dar certo!

        Se para se tornar PESSOA, incrivelmente humana, é fundamental olhar, por que tenho me confrontado com tantos olhos fechados? Com tantas vendas?

        Não seria o momento de rompermos com a ditadura do “não sentir” para evitar a dor, que como muito bem resume Carlos Drummond de Andrade:“ [...] o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca, e que esquivando-se do sofrimento, perdemos também a felicidade.”

        Segunda a gente papeia mais....