VAI TER COPA! (por Gisela Reis)

Olá como estamos?
Não adianta reclamar, protestar, resmungar, enfim, vai ter copa e pronto!
Considero errado um país com tantas questões básicas por resolver fazer um evento de proporções internacionais. Mais uma vez, estamos “fazendo bonito” para os outros verem, e olha que este fenômeno não é novo, é histórico.
Mas uma coisa me intriga na postura do brasileiro em relação a tudo, ele assume uma postura submissa, não questiona, não assume uma posição crítica, até virar modinha de rede social, aí...o gigante acordou, pena que está trocando figurinhas da copa...
A copa não pode ser responsabilizada por uma falha histórica, gostamos de fazer bonito para os outros verem, porém, naquilo que só a gente vê; sempre fica para depois.
Vou dar um exemplo prático, de como nós, eu me incluo nisso, temos internalizado o “fazer bonito para os outros verem”: todos os dias fazemos nossas refeições, certo? Quando foi a última vez que você arrumou a mesa, como faz em dias de visitas, para você fazer uma refeição sozinho?
Todas as casas possuem talheres e pratos destinados aos dias de visitas, celebramos o outro, mas a nós mesmos, isso nunca! Desculpas mil surgirão para legitimar tal comportamento; correria, rotina apertada, cansaço, enfim, em nossa cultura, fazer para si mesmo não tem o mesmo valor que fazer para os outros.
Na copa nunca foi diferente, pintamos ruas, nos vestimos de verde e amarelo, orgulhosos em termos nossa pátria representada nas chuteiras de cada jogador. Somos brasileiros orgulhosos e patriotas apenas nas copas?
O brasileiro sofre para manter as aparências, todos nós fazemos isso em um dado momento da vida. Sofremos por nossos ideais e negamos nossa realidade.
Definitivamente, compreendo nossa tendência a negar a realidade, são escolas esquecidas pelo poder público, são hospitais sem médicos, são políticos corruptos, violência, fome e descaso; porém, até quando ficaremos negando? Quando agiremos, partindo do pressuposto que reclamar não é ação e que a vida é o conjunto de escolhas que fazemos e omissão também é uma ação, negativa, mas, uma ação.
Vai ter copa, não tem jeito, mas um questionamento essa copa nos suscita: Quando faremos bonito pra nós vermos?
Todos nós podemos mudar o mundo, mas primeiro, temos que mudar a nossa realidade mais íntima. Mudar o mundo é conseqüência da mudança que promovo em mim primeiro! Quando a gente muda o mundo muda com a gente, já diria a canção, que tal começar colocando uma mesa bem bonita e vistosa na próxima refeição? Você merece!
Segunda que vem a gente papeia mais....
Drª Gisela Cristina de Souza Lucas Reis é psicóloga-clínica, especialista em saúde mental e consultora de recolocação de mercado e administração do estresse, escreve às segundas e sextas-feiras no Caderno no Divã
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