VÍCIOS DE LINGUAGEM: QUANDO NOS SÃO ÚTEIS? (por Laís Martins)

14/02/2014 10:56

    Em uma de suas colunas, o professor Borto escreveu uma matéria excelente sobre pleonasmo, vício de linguagem que eu acabei de usar ao escrever “professor Borto” e “matéria excelente” na mesma oração. No final do meu texto, deixo o link para quem tiver interesse em ler a matéria dele... Bem, mas pra quem ainda não entendeu, aqui está a definição de pleonasmo que o Borto deu “[...] aquele atributo ou característica do que é redundante. Ato de insistir obstinadamente nas mesmas ideias; uso abusivo de palavras ou expressões [...]”. Enfatizou nas redundâncias mais comuns, mas queria ressaltar duas expressões que deveriam ser pleonasmos, mas infelizmente não as são!

    Educação de qualidade – Me dói no fundo dos meus átrios e ventrículos (cavidades de coração) que isso não seja um pleonasmo! Como me dói! Bem, mas esse pleonasmo a gramática nos esclarece muito bem: ele é consequência de uma figura de linguagem conhecida como ironia, que pode ser resumida em duas palavras Políticos Decentes! Afinal de contas, é mais fácil manipular uma população ignorante do que pessoas bem informadas e com opiniões consistentes.

    Inseto mitológico – Inseto deveria ser apenas um bicho que aparece nos filmes, assim como super-heróis ou monstros! Até hoje não entendo pra que essas criaturas nojentas, irritantes e mal-educadas existem! Sim, mal-educadas, porque entram nos nossos lares como se fossem os donos da casa! Eu não convidei pra entrar, está vindo me visitar com que propósito, então? Pra ficar zunindo no meu ouvido? Faça-me favor, nem a língua deles eu falo, ainda tenho que aturar suas reclamações! Ou será que eles vêm pra enroscar no meu cabelo e depois me dar uma picada? Quer se enroscar? Procure teias das suas amigas aranhas! Quer morder alguém? Cai fora, porque eu não sou gostosa (viram, mulheres?! Tem um lado bom nisso! Hahaha)... E quer saber? Biólogos que me intoxiquem com suas armas biológicas, mas eu mato inseto sem dó algum! Eu sinto mols de orgulho de ser uma assassina de inseto, até faço pose de heroína depois que destruo os que invadem meu território!

    Ufa! Precisava descarregar esse ódio eterno que eu tenho por insetos. Já estava até dando um aperto no peito de tanto rancor que eu guardo deles! Bem, mas descarregada essa raiva, gostaria de destacar um último pleonasmo, talvez o mais importante de todos os já citados! Bem, apesar das pessoas ainda terem a pachorra de achar que se trata de ironia ou de hipérbole, eu insisto aqui que se trata única e exclusivamente de um pleonasmo e também de uma verdade inquestionável! Químicos que me joguem ácido sulfúrico se eu estiver errada, mas esse pleonasmo é o ú-ni-co que tem licença poética de ser falado ou escrito a qualquer momento, portanto usem e abusem dele. Eu e toda União Internacional de Química Pura e Aplicada (IUPAC) lhes damos a permissão para usar essa oração redundante: 

    Química é vida ou como uma professora minha dizia Química é a música que orquestra nossas vidas!

    Aqui, matéria do professor Borto sobre vícios de linguagens

    Laís Martins é estudante de Química na USP e escreve às sextas-feiras no Diálogos do Caderno.